sexta-feira, 22 de julho de 2011

Pré-história: os primeiros grupos humanos

              Em harmonia instintiva, os animais agem em sua natureza regidos por leis biológicas. Um mamífero, que faz parte de um grupo “superior”, também age por instintos, entretanto, desenvolve comportamentos mais flexíveis e lógicos. Ao deparar-se com situações problemáticas, os mamíferos são capazes de encontrar soluções, após analisar a situação, porque utilizam da inteligência. A experiência vivida mostra que a capacidade de lembrar e corrigir erros são o grande diferencial do mamífero. Porém, nem todos os mamíferos desenvolvem sua capacidade cerebral igualmente.
           O Homem é o ser que melhor agrupa informações e experiências em sua memória. A inteligência existe em todos os seres deste grupo, entretanto, é o saber que torna o ser humano diferente. Só o homem é transformador da natureza, e o resultado desta transformação chama-se Cultura.  Mas, para produzir cultura, o homem precisa da linguagem simbólica. Os símbolos são invenções humanas por meio das quais o homem pode lidar abstratamente com o mundo que o cerca. A linguagem introduz o homem no tempo, porque permite que ele relembre o passado e antecipe o futuro pelo pensamento. Isso é o que chamamos de produção histórica. Ao fazer uso da linguagem simbólica, o homem torna possível o desenvolvimento da técnica e, portanto, do trabalho humano.
           A linguagem simbólica e o trabalho constituem, assim, os parâmetros mais importantes para distinguir o homem dos animais. Ao definir trabalho humano, assinalamos um binômio inseparável: o pensar e o agir. A própria condição humana é de ambigüidade.
        Quando nos referimos ao homo sapiens, enfatizamos a característica humana de conhecer a realidade, de ter consciência do mundo e de si mesmo. A denominação homo faber é usada quando nos referimos à capacidade de fabricar utensílios, com os quais o homem se torna capaz de transformar a natureza. Pensar e agir são inseparáveis, isto é, o homem é um ser técnico porque tem consciência, e tem consciência porque é capaz de agir e transformar a realidade. Ao fabricar um utensílio, o homem pré-histórico criara um prolongamento do próprio corpo: o arco e a flecha o manterão o mais longe possível da caça, por exemplo. Em breve, ele não matará apenas para sobreviver. Há o assassinato, a consciência da morte, a dor e também o prazer de matar o inimigo.
          Analisar a Pré-História é observar um percurso que vai girando no tempo e desemboca nas Civilizações, nas cidades, no Estado Monárquico, nas guerras, nas artes. No continente africano foi descoberta a mais antiga ferramenta de pedra de que se tem notícia: uma faca de aproximadamente 2 milhões 600 mil anos de idade. Ela foi produzida pelo Australopithecus, primeira espécie a estabelecer o diálogo entre a mão e o cérebro, a transformar uma coisa em ferramenta. Esse período inicial de produção de ferramentas rudimentares de pedra é chamado de Paleolítico.
            No Paleolítico, os grupos humanos eram nômades e viviam da pesca, da coleta de frutos e da caça aos pequenos animais para conseguir alimentos. Nessas sociedades não havia necessidade de força física para a sobrevivência, e nelas as mulheres possuíam um lugar central. A comunidade coletiva era Matricêntrica. A mulher era considerada um ser sagrado, porque pode dar a vida (linearidade) e, portanto, ajudar a fertilidade da terra e dos animais. Sociedade Matrilinear é o sistema de filiação e de organização social no qual só a ascendência materna é levada em conta para a transmissão do nome, dos privilégios, da condição de pertencer a um clã ou a uma determinada classe social. Nos grupos matricêntricos, as formas de associação entre homens e mulheres não incluíam nem a transmissão do poder nem a da herança, por isso a liberdade em termos sexuais era maior. Por outro lado, quase não existia guerra, pois não havia pressão populacional pela conquista de novos territórios. Com o passar dos anos, as ferramentas foram sendo aperfeiçoadas: a invenção da lança e, mais tarde, a do arco e flecha facilitaram bastante as caçadas.
             O uso sistemático do fogo, possivelmente a cerca de 500 mil anos, passou também a distinguir o homem dos outros animais. Graças a ele, as cavernas e as moradias construídas pelos humanos contavam com uma fonte de luz, calor, proteção e o cozinhar dos alimentos. O homem do Paleolítico desenvolveu, também, a linguagem oral, a fala, apesar da longa demora para ser construída, foi um dos passos importantes na construção da humanidade, permitindo ao homem partilhar com seus semelhantes conhecimentos, experiências e sentimentos, tornando-se, assim, o fator decisivo no desenvolvimento da Cultura.





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