domingo, 24 de julho de 2011

A Revolução Industrial: da Inglaterra para o mundo

          No início da Idade Moderna, o capitalismo mercantilista, combatido pela igreja católica em alguns de seus aspectos, encontrou na Reforma Protestante uma base fundamental para sua sobrevivência: a ótica protestante desenvolveu toda uma análise que alteraria o pensamento cristão sobre o trabalho. Nessa nova visão, o trabalho aparece como o fundamento de toda a vida, constituindo uma virtude e um dos caminhos para a salvação. Ao se trabalhar arduamente, pode-se chegar a ter êxito na vida material, o que é a expressão das bênçãos divinas sobre os homens.  
          Nessa concepção, a riqueza em si não é condenável, mas sim tudo aquilo a que ela pode levar, isto é, o não-trabalho, o desfrute ostentatório, a preguiça que ela pode causar. A concepção protestante e puritana em relação ao trabalho vai servir muito bem à burguesia comercial e depois à industrial, que precisava de trabalhadores dedicados, sóbrios e dóceis em relação às condições de trabalho e aos baixos salários. 
          Ao se analisar a questão do trabalho na sociedade capitalista, é importante deixar claro que não existe uma única sociedade capitalista, mas que passam a ter esta característica àquelas que estabelecem a propriedade privada, o trabalho assalariado, o sistema de trocas e uma determinada divisão social do trabalho. Muitas foram as maneiras pelas quais o capitalismo se constitui historicamente. Poderíamos dizer que na Inglaterra foi de um jeito, na França de outro e na Alemanha de outro. O trabalho se transforma em força de trabalho quando se torna uma mercadoria que pode ser comprada e vendida. E, para que ele se transforme em mercadoria, é necessário que o trabalhador seja desvinculado de seus meios de produção, ficando apenas com sua força de trabalho para vender. 
         A industrialização inglesa começou com a mecanização do setor têxtil, cuja produção tinha amplos mercados na Europa e em suas colônias. Essa mecanização revolucionou o modo de produzir mercadorias, não só pelo fato de incorporar as habilidades dos trabalhadores, mas também porque os subordina à máquina. Eles deveriam apenas manusear e regular a máquina. A fonte de energia está fora deles. O trabalhador não necessita ter um conhecimento específico sobre algum ofício, sendo um operador de máquinas eficiente, seria um bom e produtivo trabalhador. 

 
      Uma das conseqüências da revolução foi o crescimento das cidades, visto que os camponeses passaram a vir em grande quantidade para as cidades. Como aconteceu em Londres, que em 1805 já tinha aproximadamente um milhão de habitantes. As condições de trabalho levaram muitos  trabalhadores a se revoltarem contra as máquinas e as fabricas. Para proteger as empresas, os proprietários e o governo se organizaram militarmente. O crescimento das lutas operárias obrigou as classes dominantes a criarem leis que garantissem subsistência mínima das pessoas desempregadas. Em 1811,  o movimento ludista invadiu fábricas e destruiu máquinas, que, segundo os rebeldes, por serem mais eficientes que os homens, tiravam seus trabalhos, requerendo, contudo, duras horas de jornada de trabalho.
           Tendo se originado na Inglaterra, a Revolução Industrial logo alcançou o continente e o resto do mundo, atingindo a Bélgica, a França e posteriormente a Itália, a Alemanha, a Rússia, os Estados Unidos e o Japão. Após 1850, a produção industrial se descentralizou da Inglaterra definitivamente, porém, cada país se desenvolveu em um ritmo diferente baseado nas condições econômicas, sociais e culturais de cada lugar. Essa expansão industrial estimulou o imperialismo do século XIX iniciando uma grande corrida neocolonial por novos mercados, que culminarou com a Primeira Guerra Mundial.


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