Na sociedade greco-romana, os cidadãos possuíam uma visão diferente da que temos hoje sobre trabalho. Os gregos faziam uma distinção clara entre o trabalho braçal de quem labuta na terra, o trabalho manual do artesão e aquela atividade do cidadão que discute e procura, através do debate, resolver os problemas da sociedade. Em Atenas, na época clássica, quando os poetas cômicos qualificavam um homem por seu ofício, não era precisamente para honrá-los; só é homem por inteiro quem vive no ócio.
Mercado de escravos
Mercado de escravos
Para compreender melhor a posição dos gregos é necessário que se entenda a questão da escravidão no interior dessas sociedades. Em primeiro lugar, deve-se esclarecer que a sociedade grega não era constituída somente de escravos e senhores. Apenas a quarta parte da mão-de-obra era escrava, pois havia uma série de outros trabalhadores – como os meeiros, os diaristas assalariados, os artesãos e um imenso campesinato – que conviviam lado a lado com os escravos. Entretanto, a escravidão pode caracterizar essa sociedade porque todos os trabalhadores viviam, de uma forma ou de outra, oprimidos pelos senhores e proprietários.
A condição de escravo variava muito, pois não só havia o escravo que trabalhava a terra nas mais terríveis condições, mas também aquele incumbido de administrar e gerenciar todos os negócios de seu senhor. Podia-se, além disso, encontrar escravos aptos a sucederem um médico, ou engenheiro. Na visão grega, a liberdade do cidadão só seria possível se existissem outros que trabalhassem para ele e por ele. Nessa sociedade o escravo é propriedade de seu senhor e, portanto, pode ser vendido, doado, trocado, alugado; não só ele, mas todos os seus filhos e todos os bens que possa ter.
Em Atenas, existiu a escravidão por dívida, esta, porém, perdurou até as reformas do legislador Sólon, que proibiu a escravidão de atenienses por atenienses e perdoou as os devedores, libertando-os. A alforria de um escravo poderia ser conseguida por meio de um ato generoso de seu amo, mas também pela compra e pelo pecúlio, uma espécie de poupança que o escravo ia guardando, com consentimento do senhor, e que conseguia ao fazer pequenos negócios ou vendendo seus serviços, sempre com a autorização do senhor.