sexta-feira, 22 de julho de 2011

Pré-história: os primeiros grupos humanos

              Em harmonia instintiva, os animais agem em sua natureza regidos por leis biológicas. Um mamífero, que faz parte de um grupo “superior”, também age por instintos, entretanto, desenvolve comportamentos mais flexíveis e lógicos. Ao deparar-se com situações problemáticas, os mamíferos são capazes de encontrar soluções, após analisar a situação, porque utilizam da inteligência. A experiência vivida mostra que a capacidade de lembrar e corrigir erros são o grande diferencial do mamífero. Porém, nem todos os mamíferos desenvolvem sua capacidade cerebral igualmente.
           O Homem é o ser que melhor agrupa informações e experiências em sua memória. A inteligência existe em todos os seres deste grupo, entretanto, é o saber que torna o ser humano diferente. Só o homem é transformador da natureza, e o resultado desta transformação chama-se Cultura.  Mas, para produzir cultura, o homem precisa da linguagem simbólica. Os símbolos são invenções humanas por meio das quais o homem pode lidar abstratamente com o mundo que o cerca. A linguagem introduz o homem no tempo, porque permite que ele relembre o passado e antecipe o futuro pelo pensamento. Isso é o que chamamos de produção histórica. Ao fazer uso da linguagem simbólica, o homem torna possível o desenvolvimento da técnica e, portanto, do trabalho humano.
           A linguagem simbólica e o trabalho constituem, assim, os parâmetros mais importantes para distinguir o homem dos animais. Ao definir trabalho humano, assinalamos um binômio inseparável: o pensar e o agir. A própria condição humana é de ambigüidade.
        Quando nos referimos ao homo sapiens, enfatizamos a característica humana de conhecer a realidade, de ter consciência do mundo e de si mesmo. A denominação homo faber é usada quando nos referimos à capacidade de fabricar utensílios, com os quais o homem se torna capaz de transformar a natureza. Pensar e agir são inseparáveis, isto é, o homem é um ser técnico porque tem consciência, e tem consciência porque é capaz de agir e transformar a realidade. Ao fabricar um utensílio, o homem pré-histórico criara um prolongamento do próprio corpo: o arco e a flecha o manterão o mais longe possível da caça, por exemplo. Em breve, ele não matará apenas para sobreviver. Há o assassinato, a consciência da morte, a dor e também o prazer de matar o inimigo.
          Analisar a Pré-História é observar um percurso que vai girando no tempo e desemboca nas Civilizações, nas cidades, no Estado Monárquico, nas guerras, nas artes. No continente africano foi descoberta a mais antiga ferramenta de pedra de que se tem notícia: uma faca de aproximadamente 2 milhões 600 mil anos de idade. Ela foi produzida pelo Australopithecus, primeira espécie a estabelecer o diálogo entre a mão e o cérebro, a transformar uma coisa em ferramenta. Esse período inicial de produção de ferramentas rudimentares de pedra é chamado de Paleolítico.
            No Paleolítico, os grupos humanos eram nômades e viviam da pesca, da coleta de frutos e da caça aos pequenos animais para conseguir alimentos. Nessas sociedades não havia necessidade de força física para a sobrevivência, e nelas as mulheres possuíam um lugar central. A comunidade coletiva era Matricêntrica. A mulher era considerada um ser sagrado, porque pode dar a vida (linearidade) e, portanto, ajudar a fertilidade da terra e dos animais. Sociedade Matrilinear é o sistema de filiação e de organização social no qual só a ascendência materna é levada em conta para a transmissão do nome, dos privilégios, da condição de pertencer a um clã ou a uma determinada classe social. Nos grupos matricêntricos, as formas de associação entre homens e mulheres não incluíam nem a transmissão do poder nem a da herança, por isso a liberdade em termos sexuais era maior. Por outro lado, quase não existia guerra, pois não havia pressão populacional pela conquista de novos territórios. Com o passar dos anos, as ferramentas foram sendo aperfeiçoadas: a invenção da lança e, mais tarde, a do arco e flecha facilitaram bastante as caçadas.
             O uso sistemático do fogo, possivelmente a cerca de 500 mil anos, passou também a distinguir o homem dos outros animais. Graças a ele, as cavernas e as moradias construídas pelos humanos contavam com uma fonte de luz, calor, proteção e o cozinhar dos alimentos. O homem do Paleolítico desenvolveu, também, a linguagem oral, a fala, apesar da longa demora para ser construída, foi um dos passos importantes na construção da humanidade, permitindo ao homem partilhar com seus semelhantes conhecimentos, experiências e sentimentos, tornando-se, assim, o fator decisivo no desenvolvimento da Cultura.





Sociedades Tribais da Paraíba


        Estudos comprovam que há 7000 anos o sertão da Paraíba já era habitado por grupos humanos organizados e guerrilheiros, vindos da região do rio Prata (GO) fixados no litoral da Capitania. Eram os POTIGUARAS (comedores de camarão). Essas sociedades viviam em grutas e cavernas, próximas dos rios, e deixaram vestígios de sua presença, imaginário e crenças em pinturas denominadas Arte RupestreAlimentavam-se da coleta de frutos; caçavam mamíferos, como o mastodonte, preguiças e tatus gigantes, que podem ser estudados através de vestígios encontrados no fundo de lagoas pré-históricas.
A sociedade potiguara era patriarcal e hereditária, ou seja, seus chefes eram homens guerreiros e experientes, filhos dos chefes passados, entretanto, a família nessas aldeias era de característica matrilinear, isto é, de descendência estabelecida pela mulher, o que explica a poligenia, forma de estrutura familiar na qual vários homens pertenciam a uma única mulher.
            Entre as manifestações culturais e artísticas encontramos o Toré, um ritual indígena de etnias do Nordeste  do Brasil, repassada de geração em geração, através da tradição oral . Toré são cantos sagrados que desenvolve nos índios o amor, a união e a força para sustentar sua cultura, envolvendo as artes da natureza, dos animais e plantas, o vento, a terra, o fogo e as águas. O Toré é puxado por um mestre de canto e os outros índios respondem, no momento necessitado.
         Outro tópico interessante da cultura nativa localiza-se pelas mediações da cidade de Areia, em um local de difícil acesso, onde existe uma caverna na serra do Algodão conhecida por Gruta dos Caboclos que, segundo pesquisas, serviu de cemitério a um povo hoje extinto. Ali se encontrava sepultada três camadas de esqueletos humanos que, tudo indica, pertenceram a um povo de estatura elevada. No decorrer da história curiosos e ignorantes escalaram o local, em aventuras perigosas, só pelo gosto de profanar e destruir o que, a bem da religião e etnologia, deveria ser protegido.
         Dentre todos os "requintes" realizados pela cultura indígena, quando aqui chegaram os portugueses, nenhum se mostrou mais espantoso aos olhares europeus do que a Antropofagia, realizada por quase todos os Tupi e Tapuia. O ritual de morte e a degustação se fazia sob duas cerimônias distintas e variava de tribo para tribo.


                 - Exo-canibalismo: Esse festim canibal fazia parte da guerra. O prisioneiro era conduzido à aldeia, onde, mais tarde, encontraria a morte em ritual marcado pela vingança e coragem. No ritual, homens, mulheres e crianças lembravam e vingavam-se dos parentes mortos. Depois de morto, a carne era dividida entre músculos e entranhas. As partes duras eram moqueadas e consumidas pelos homens; mulheres e crianças ingeriam as partes internas cozidas em forma de mingau. O matador, no entanto, não participava do banquete, entrava em resguardo e trocava de nome. 
                - Endocanibalismo: Nesse caso não se pautava na vingança, mas na ingestão da carne de amigos ou parentes já mortos. Entre os tapuias, não havia melhor túmulo do que as entranhas dos companheiros. Era um ato de amor: mães e pais devoravam seus filhos. Depois de morto, o parente era retalhado e cozido em uma panela.
       Durante os primeiros anos da conquista , os índios foram tratados "como parceiros comerciais", uma vez que os interesses portugueses voltavam-se ao comércio do pau-brasil, realizado na base do escambo . Os indígenas consideravam os europeus, amigos ou inimigos, conforme fossem tratados: amistosamente ou com hostilidade. Com o passar do tempo, e ante a necessidade crescente de mão-de-obra dos senhores de engenho, essa relação sofreu alterações. Em 1549, intensificou-se a mão-de-obra escrava indígena nas diversas atividades desenvolvidas na Colônia, gerando constantes conflitos.

Modos de Produção


                Modo de Produção é a maneira pela qual uma sociedade produz seus bens e serviços, como os utiliza e os distribui. O modo de produção de uma sociedade é formado por suas forças produtivas e pelas relações de produção existentes nessa sociedade.
                                               Modo de produção = forças produtivas + relações de produção
                Entende-se por forças produtivas a mão de obra utilizada e as produções técnicas. As relações de produção são as formas de obtenção dos gêneros produzidos.

                - Modo de Produção Primitivo: corresponde a uma formação econômica e social, sem a presença de um Estado manipulador, na qual os homens trabalhavam em comunhão, a propriedade era coletiva e não existia ainda a idéia da propriedade privada. As relações de produção eram da divisão, não apenas igualitária dos bens, mas a quantidade necessária a cada membro do grupo, baseadas na propriedade coletiva da terra e dos meios de produção.

           - Modo de Produção Asiático: Nesta relação sócio-econômica surge o Estado como instrumento de organização social e de dominação. O poder era totalizado em torno de um déspota com poderes divinizados (Teocracia), auxiliado por uma nobreza sacerdotal e burocrática. A parte produtiva da sociedade era composta pelos servos camponeses, devotos do “deus-vivo” e de escravos, prisioneiros de guerras, que eram forçados a entregar ao Estado o que produziam. A propriedade das terras era estatal e não havia mobilidade social.

                - Modo de Produção Escravista: Nessa modalidade produtiva predominaram relações de domínio e de sujeição dos meios de produção (terras, instrumentos) e escravos, que eram propriedade do senhor. O escravo era considerado uma “coisa”, um objeto, assim como um animal ou uma ferramenta e não possuía direitos políticos.

                - Modo de Produção Feudal: Nesse modo de produção predominou o trabalho dos servos camponeses, presos às obrigações de trabalhos por um laço de dependência e fidelidade ao Senhor Feudal. Os servos não eram escravos de seus senhores, poderiam casar-se, constituir família, tinham direitos e deveres. Poderiam participar de festividades religiosas e descansar nos domingos e feriados santos. Trabalhavam um pouco para o seu senhor, um pouco para a Igreja católica e outro pouco para eles mesmos.

                - Modo de Produção Capitalista: Tem-se início as relações assalariadas de produção, substituindo a propriedade feudal e o trabalho servil. Baseado na propriedade privada dos meios de produção, a burguesia européia investiu no capitalismo desde os primeiros tempos. Movido por lucros, o capitalismo passa a determinar a posição social de um indivíduo pelas suas conquistas e realizações produtivas.
O capitalismo compreende três etapas:
  Capitalismo comercial: concentração dos lucros e acumulação de riquezas, concentrada nas mãos dos comerciantes (mercantilistas), que constituem a camada hegemônica da sociedade; o trabalho assalariado torna-se mais comum e já se tem o início da separação entre capital e trabalho.
  Capitalismo industrial: pós-revolução industrial, o capital separa-se do trabalho e passa a ser investido basicamente nas indústrias.
  Capitalismo financeiro: os bancos e outras instituições financeiras passam a controlar as demais atividades econômicas, através de financiamentos à agricultura, a indústria, à pecuária, e ao comercio. Ocorre a separação total entre capital e trabalho e o trabalhador perde de vez a autonomia sobre sua força produtiva. Ficando à mercê das multinacionais, governos e investidores o poder de determinar quanto pretende pagar pelo trabalho de um indivíduo.

                - Modo de Produção Socialista: Contrário ao capitalismo, a base econômica do socialismo é, muito resumidamente, a propriedade social dos meios de produção, isto é, os meios de produção são públicos ou coletivos, não existindo empresas privadas. A finalidade da sociedade socialista é a satisfação completa das necessidades materiais e culturais da população: emprego, habitação, educação, saúde. Nela não há separação entre proprietário do capital (patrão) e proprietários da força do trabalho (empregados).

A Inconfidência Mineira, 1789 - "Libertas quae sera tamen" (Liberdade ainda que tardia)

No início do século XVIII, a cora portuguesa começou a estabelecer regras para a extração do ouro recém-descoberto pelos bandeirantes. A ação fiscal tinha enorme significado para Portugal, pois o que era arrecadado sob forma de tributos destinava-se ao sustento da corte, financiava a construção de obras grandiosas (igrejas, conventos, palácios) e pagava as inúmeras dívidas contraídas, especialmente com a Inglaterra. O rei de Portugal, então, determinou a instalação das Casas de Fundição, subordinadas à Intendência. Nelas, todo ouro extraído em pó ou em pepitas, seria fundido e "quintado" – ou seja, retirados os 20% correspondentes ao quinto real. As barras obtidas eram cunhadas, comprovante do pagamento do tributo, e devolvidas ao portador acompanhadas de um certificado de origem, confirmando o cumprimento das formalidades legais. 
A circulação de mercadorias nas regiões mineradoras levou muitos comerciantes a enriqueceram. Constituiu-se, então, um grupo social de peso considerável, com interesses próprios. A maioria das grandes fortunas nas Gerais formou-se devido "mais ao comércio do que à atividade mineradora".  
Na segunda metade do século XVIII, a cidade de Vila Rica começa a sofrer com a decadência da exploração mineradora, dificultando o pagamento dos pesados impostos exigidos pela coroa portuguesa. O descontentamento dos colonos aumentava ainda mais com os altos preços cobrados por mercadorias importadas, como tecidos, calçados, ferramentas e outros produtos manufaturados, proibidos de serem fabricados na colônia pelo Alvará de 1785. Além disso, a exclusividade lusitana na ocupação de altos cargos administrativos e o controle de divulgação de idéias exercido pelas autoridades portuguesas, através da proibição da impressão de jornais e livros na colônia causavam descontentamento e frustração no meio colonial. 
Vila Rica era formada por uma sociedade essencialmente urbana, com mercadores, ourives, artistas, comerciantes e, é claro poetas. Alguns destes, filhos da elite local que haviam estudado na Europa, conheciam não apenas as idéias liberais e republicanas, mas a grande diferença existente entre metrópole e colônia. Nada mais natural, portanto, que a jovem sociedade letrada das Minas Gerais, tão diferenciada da elite rural e latifundiária do Nordeste açucareiro, alimentasse um profundo estado de indignação e revolta. Surgem as idéias de conspiração. Os rebeldes, com base na Declaração de Independência dos Estados Unidos, planejavam, em reuniões secretas, um golpe republicano: advogados, juízes, comerciantes, fazendeiros, padres e agiotas decidiram desafiar o poder colonial.



Em 1788, a substituição do Governador Luís da Cunha Meneses, corrupto e saqueador dos cofres públicos, pelo Visconde de Barbacena, mais fiel à coroa portuguesa, com ordens expressas para aplicar o Alvará de 1750, no qual Minas deveria pagar 100 arrobas de ouro por ano à Metrópole, aumentou a ira da elite e da classe média brasileira. Pois, caso não atingisse as 100 arrobas,seria, então, cobrada a Derrama, imposto extra tirado de toda a população até completar as cota anual. O Visconde de Barbacena anunciou a derrama para fevereiro de 1798.
           No dia 26 de dezembro de 1788, na casa do tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, chefe do Regimento dos Dragões, os membros da alta sociedade se encontraram para uma reunião conspiratória. Na verdade, três tipos de homens estavam na reunião: intelectuais, mineradores e magnatas endividados e, entusiastas, como o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Ficou decidido que, no dia em que fosse decretada a derrama, uma revolução eclodiria.   Os planos para o golpe eram tão vagos quanto os projetos do futuro governo.
            Os rebeldes reivindicavam:
                     - governo republicano independente
                     - construção de hospitais e uma universidade
                     - obrigatoriedade do serviço militar
                     - incentivo à industrialização
                     - o fim da Derrama, evidentemente

                Nada ficou definido quanto à escravidão, pois a maioria dos inconfidentes possuía terras e muitos escravos. Pode-se observar que a conspiração dos mineiros era, basicamente, um movimento de oligarcas, no interesse da oligarquia, sendo o nome do povo invocado apenas como justificativa. Em fevereiro de 1798, o Visconde de Barbacena suspendeu a derrama.
             Os inconfidentes se desarticularam e, após a denúncia feita pelo negociante endividado, Joaquim Silvério dos Reis, com o objetivo obter o perdão de suas dívidas, um a um, os inconfidentes foram presos e levados, três anos depois, para serem julgados no Rio de Janeiro. Tiradentes, apesar de ter sido o mais entusiástico e temerário propagandista do golpe, era o participante de menor influência e poder econômico. E, exatamente por isso, era o bode expiatório ideal: foi condenado ao enforcamento esquartejamento, realizado no dia 21 de abril de 1792. Chegara ao fim o primeiro movimento separatista do Brasil, que nem chegou a acontecer. uve um alvoroço descontrolado, com os presos levantando-se, erguendo os braços, gritando c de apontar um lutos manufaturados, p    


A Revolução Francesa (1789-1799)

            Compreender-se a Revolução Francesa como fundadora dos direitos civis impõe que não nos esqueçamos, também, que o século XVIII é conhecido como o século do Iluminismo. É ainda no século XVIII que o homem começa a tomar consciência de sua situação histórica, consciência esta não exclusiva do intelectual, mas também da classe ascendente, a burguesia, que percebe sua importância nas transformações sóciopolíticas, econômicas e mesmo culturais que estão sucedendo. Nasce a idéia de felicidade, não como uma conquista individual, mas como uma meta a ser alcançada pela coletividade. No século XVII surgiu a idéia do Direito Natural, consolidada no século XVIII e fundamentada naquilo que é para esse período a característica central do homem: a razão.
            Liberdade, igualdade e fraternidade. São esses os direitos que vão sintetizar a natureza do novo cidadão e essas as palavras de ordem dos que se amotinaram contra as opressões das quais há séculos padeciam. A Revolução Francesa marca a transição do Estado Absolutista para o Estado Liberal, fruto das idéias e revoluções anteriores, como a Independência dos Estados Unidos, por exemplo. Não foi este movimento uma obra de alguns homens, mas sim a culminância de um processo histórico, cujas origens remontam a dez gerações anteriores. Com o fim da Idade média, os reis assumiram o poder político, em prejuízo dos senhores feudais, que acabaram por ser apenas dependentes da monarquia. 
            A França encontrava-se dividida em estamentos e conservava uma certa estrutura feudal para segurança dos Senhores: Primeiro Estado (Alto e Baixo Cleros segundo a ordem hierárquica e sua origem nobre ou humilde); Segundo Estado (nobreza); e o Terceiro Estado (o povo, a burguesia – comerciantes, artesãos, advogados, camponeses, médicos, etc.)  
A Monarquia francesa, pouco a pouco, tornou-se absoluta, cujo exemplo mais famoso e ostensivo foi a monarquia de Luís XIV da França. “O Estado sou eu”, dizia ele com toda razão. Aos nobres e à aristocracia restaram à vida ociosa da corte e às intrigas palacianas com a esperança, de um dia, virem a ser convocados para ocupar um cargo ministerial. O Primeiro e o Segundo Estado viviam dos impostos recolhidos, a duras penas, da população. Contraditoriamente, os reis que viam ainda nos nobres e na aristocracia possíveis inimigos, voltaram-se para o homem comum, para o camponês, para o burguês das cidades, buscando neles o suporte político de que necessitavam concedendo novos direitos, dando um pouco mais de liberdade e abolindo, aos poucos, a servidão. Estas atitudes, porém, beneficiavam, em pouca escala, aos camponeses e burgueses enriquecidos, que não escapavam das humilhações e discriminações impostas pelo Segundo Estado. 
Além disso, as difíceis condições socioeconômicas que a população francesa vivenciava nos anos 80 do século XVIII agravaram-se a partir de 1786: o crescimento demográfico, a insuficiente produção agrícola decorrentes dos entraves feudais e das geadas colocaram a população mais necessitada em posição de risco. Os operários, que trabalhavam na cidade, ligavam-se aos burgueses, e fomentavam movimentos de reivindicação de melhores salários e uma jornada de trabalho mais digna. Quanto aos camponeses, sua condição de vida era próxima da miséria plena. Eram obrigados a pagar tributos ao clero, tendo mais de 70% de sua renda destinadas aos impostos. A anarquia, os conflitos e a matança indiscriminada nas ruas de Paris começaram a anunciar o que viria pela frente.

                                                                       Tomada da Bastilha

Em 14 de julho de 1789 uma multidão invadiu a fortaleza da Bastilha, onde eram encarcerados os inimigos da realeza: foi o estouro da revolução que se alastrou de paris para o resto da França. No campo, onde os privilégios da aristocracia eram mais gritantes, a população camponesa faminta e miserável chegaram a invadir e incendiar castelos e a massacrar  elementos da nobreza, num período que ficou conhecido como Grande Medo
          Na primeira fase da Revolução, destacaram-se a atuação da burguesia nas cidades e dos camponeses no interior: o Terceiro Estado conclama-se Assembléia Nacional Constituinte. Na tentativa de preservar o poder e sua força, Luís XVI se reúne com os representantes dos Estados Gerais e acaba por concordar com uma série de medidas que deveriam ser votadas, por cabeça, entre os membros dos três estados. Concordou também com a igualdade perante o imposto, apóia a liberdade individual e de imprensa, aceitou a abolição dos privilégios feudais e acabou com a servidão. 
          Inspirada na Declaração de Independência dos Estados Unidos, em 26 de agosto de 1789, foi aprovada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão: 
      Art. 1º - Os homens nascem e ficam livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem ser fundamentadas na utilidade comum.
    Art. 2° - O fim de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Estes direitos são a liberdade, a propriedades, a segurança e a resistência do homem à opressão.
   [...] Art. 4° - A liberdade consiste em se poder fazer tudo quanto não prejudique a outrem: assim sendo, o exercício dos direitos naturais de cada homem não sofre outros limites além dos que assegure aos outros membros da sociedade o gozo destes mesmos direitos. 
      Em 1791, a Assembléia Nacional proclamou a primeira Constituição da França, estabelecendo a Monarquia Constitucional, composta por três poderes: o executivo, exercido pelo Rei; o legislativo, exercidos pelos deputados eleitos por voto censitário; e o judiciário. Conforme avançavam e se consolidavam as medidas revolucionárias, no ano de 1792, boa parte da nobreza tornava-se mais acuada, enquanto parte migrava para o exterior, buscando apoio para restaurar o Estado absolutista. Os monarcas das potências vizinhas apoiavam essa nobreza, pois temiam a irradiação das idéias revolucionárias em seu país. Luís XVI conspirava derrubar a revolução. Paralelamente cresciam as dificuldades econômicas do governo revolucionário, obrigando à intensa emissão de papel-moeda, o que só aumentou a inflação. Esse fato acirrou os ânimos dos sans-cullotes (sem calção), ala mais radical dos revoltosos. Formou-se então, um exército popular sob o comando de Marat, Danton e Robespierre. O rei foi preso quando tentava fugir da França e acusado de traição ao país, por colaborar com a tentativa de invasão das tropas estrangeiras. O exército popular proclamava, naquele momento, a República. 
A Convenção Nacional foi estabelecida entre 1792 e 1795 e dividiu-se em três grandes blocos: a Montanha, constituída pelos jacobinos, que ocupam os lugares mais altos da Câmara; os girondinos, que ocupam os lugares intermediários; e a Planície, composta pela maior parte dos deputados, que ocupa a parte baixa. Esses blocos também têm divergências internas.
- Girondinos: Representantes da alta burguesia, defendem posições moderadas. Querem preservar seu poder econômico e temem que as camadas populares assumam o controle da Revolução.
- Jacobinos: Pequena e média burguesia e proletariado urbano, que assumem posições mais radicais em benefício das classes oprimidas. Sentam-se à esquerda da Assembléia e são liderados por Robespierre e Saint-Just. 
 Em 02 de junho de 1793, os jacobinos comandando os sans-cullotes, liderados por Robespierre tomaram a Convenção. A Constituição é suspensa e foram criados o Comitê de Salvação Pública e o Tribunal Revolucionário, encarregado de prender e julgar os traidores da Revolução. Em julho de 1794 (dia 9 do mês termidor) teve início a Reação Termidoriana, Robespierre e Saint-Just foram presos e depois guilhotinados. Os girondinos, que desde o início do Período do Terror haviam se omitido para salvar as próprias cabeças, reaparecem para instalar a alta burguesia no poder. Os clubes jacobinos foram fechados e é redigida uma nova Constituição, que institui um governo de cinco diretores eleitos pelo Legislativo – o Diretório.





A evolução do Trabalho e da Técnica

                  A etimologia da palavra trabalho vem do substantivo latino tripalium, aparelho de tortura formado por três paus. Na Antiguidade grega, todo trabalho braçal era desvalorizado por ser executado por escravos. Na Roma Antiga, escravista, e na Idade Média, mão-de-obra camponesa servil, esse pensamento perdurou. Essa predominância de escravos e servos no exercício das atividades manuais, na antiguidade ocidental e na idade média européia, por exemplo, sempre levou à desvalorização desse trabalho, enquanto apenas as atividades intelectuais eram consideradas verdadeiramente dignas do homem. Tal maneira de pensar supõe a existência da divisão social com a manutenção do sistema escravista ou da servidão. Para Aristóteles, haveria escravidão enquanto as lançadeiras não trabalhassem sozinhas. As transformações das técnicas alteraram as relações sociais.
Na Idade Moderna, a partir do século XV, a situação começa a se alterar: o crescente interesse pelas artes mecânicas e pelo trabalho em geral justifica-se pela ascensão da burguesia, classe resultante de antigos servos que transgrediram a cultura social da Idade Média. Os burgueses compravam sua liberdade e dedicavam-se ao comércio. O Capital acumulado permitiu a compra de matérias-primas e de máquinas, o que fez com que muitas famílias que desenvolviam o trabalho doméstico nas antigas corporações de ofícios e manufaturas acabassem por se dispor de seus antigos instrumentos de trabalho e, para sobreviver, obrigaram-se a vender sua força de trabalho em troca de salário.
     O aprimoramento da técnica levou o homem a criar outras fontes de energia, desvinculando-se da força humana. Nesse momento a técnica passa ao estágio das máquinas pela utilização da energia mecânica, hidráulica, elétrica ou atômica. As transformações das técnicas alteraram as relações sociais. Enquanto o mundo agrícola e artesanal é marcado pela tradição, o advento das fábricas no século XVII estimula o aperfeiçoamento das máquinas e acelera o crescimento das cidades. Estabelecem-se novas relações de produção com o aparecimento da classe proletária assalariada e dos capitalistas detentores dos meios de produção.
          No século XVIII, a mecanização no setor da indústria têxtil sofre impulso extraordinário na Inglaterra com o aparecimento da máquina à vapor. Enquanto o mundo agrícola e artesanal era marcado pela tradição, o advento das fábricas no século XVIII estimulou o aperfeiçoamento das máquinas e acelerou o crescimento das cidades. Nas fábricas, os trabalhadores eram submetidos a uma nova ordem, a da divisão do trabalho com ritmo e horários preestabelecidos. O fruto do trabalho não mais lhes pertencia e a produção é vendida pelo empresário, que fica com os lucros.