segunda-feira, 25 de julho de 2011

Direitos Sociais


Direitos Sociais são um conjunto de idéias e leis que tendem a garantir aos indivíduos melhores condições de vida em sociedade, preservados por um Estado intervencionista na ordem social com a finalidade de diminuir as desigualdades sociais. Como a garantia dessas leis se expande, principalmente, à classe trabalhadora, esses direitos tendem a possuir um custo alto e a se realizar em longo prazo, ainda mais por serem de responsabilidade do governo.
Sabe-se que as sociedades capitalistas contemporâneas se dividem em duas classes: a primeira é a classe proprietária, composta por pessoas com posses suficientes para assegurar suas necessidades e a de seus dependentes. A  outra classe é a trabalhadora, composta pelos demais, que por não terem tais posses subsistem com os ganhos do exercício de atividade remunerada. A classe trabalhadora compõe-se de duas grandes frações: assalariados e autônomos. Os primeiros vendem sua capacidade de produção a empregadores e esta condição lhe confere direitos que a legislação do trabalho especifica. Os outros produzem com seus próprios meios de produção, de forma individual ou associada.
           A falta de trabalho se torna um dos principais fatores para a atuação dos direitos sociais. Ainda no século XVI, na Europa, devido à instabilidade dos novos mercados que o sistema colonial apresentou, massas de trabalhadores desempregados partiram para as cidades, aumentando o número de desamparados e mendigos. Os reis, proibindo a mendicância, começaram a baixar leis que oscilavam entre a repressão e a ajuda pecuniária aos pobres. Em 1601, a rainha Elisabeth I, na Inglaterra instituiu as famosas “Leis dos Pobres”, que tornavam as paróquias responsáveis pelo sustento de seus “pobres”: procurava dar trabalho aos destituídos, fornecendo-lhes um estoque de matérias-primas, como lã, que poderiam fiar, tecer e colocar à venda.
Com as idéias revolucionárias do marxismo, trazendo à tona a possibilidade de uma sociedade mais justa e mais igualitária, o socialismo ganhou força e amedrontou as potências industriais que passaram a pensar nas possibilidades de direitos sociais a fim de evitar que os ideais comunistas acabassem por derrubar o capitalismo vigente.
Na Inglaterra, a volta ao poder em 1906 dos liberais ao Parlamento permitiu alcançar nos anos seguintes uma certa quantidade de leis com finalidade social. Com o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) a luta por direitos sociais ganhou mais força na Europa. O movimento operário se radicalizou em parte, enquanto as forças dominantes e normalmente conservadoras se mostravam sensíveis à necessidade de o Estado amparar os trabalhadores carentes e suas famílias.
Com o surgimento da Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948), os direitos sociais passaram a ser reconhecidos juntamente com os direitos civis, políticos e humanos, que engloba: direito ao trabalho, direito ao salário igual por trabalho igual, direito à educação, direito à igualdade do homem e da mulher, entre outros. Todos estes direitos são atribuídos ao indivíduo, independentemente da raça, religião, idade ou sexo. Os direitos sociais, como dimensão dos direitos fundamentais do homem, são prestações positivas estatais, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a equalização de situações sociais desiguais. 
No Brasil, o artigo 6° que se encontra dentro do Titulo sobre os Direitos e Garantias Fundamentais da Constituição Federal de 1988 trata sobre os direitos sociais que devem ser respeitados, protegidos e garantidos a todos pelo Estado. São eles:

 1. Direito à educação: direito de cada pessoa ao desenvolvimento pleno, ao preparo para o exercício da cidadania e à qualificação para o trabalho.

2. Direito à saúde: direito ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde, bem como à redução do risco de doença e de outros agravos.

3. Direito ao trabalho: direito a trabalhar, à livre escolha do trabalho, a condições eqüitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego. 
4. Direito à moradia: direito a uma habitação permanente que possua condições dignas para se viver.


5. Direito ao lazer: direito ao repouso e aos lazeres que permitam a promoção social e o desenvolvimento sadio e harmonioso de cada indivíduo.


6. Direito à segurança: direito ao afastamento de todo e qualquer perigo e garantia de direitos individuais, sociais e coletivos.


7. Direito à previdência social: direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.


8. Direito à maternidade e à infância: direito da mulher, durante a gestação e o pós-parto, e de os todos indivíduos, desde o momento de sua concepção e durante sua infância, à proteção e à prevenção contra a ocorrência de ameaça ou violação de seus direitos. 

9. Direito à assistência aos desamparados: direito de qualquer pessoa necessitada à assistência social, independentemente da contribuição à seguridade social.



Socialismo e Revolução Russa de 1917

Na segunda metade do século XIX, a crítica à desigualdade ganhou força na Europa, fazendo surgir teóricos e ativistas que se mobilizaram contra a o capitalismo de monopólio e a expansão descontrolada do imperialismo neocolonialista. A consolidação desse sistema capitalista teve início com a Revolução Industrial e a implantação do maquinismo, acelerando o processo de privatização dos meios de produção, do confinamento do operário nas fábricas e seu conseqüente assalariamento. Configura-se então, a nova classe do proletariado, submetida ao sistema hierárquico fabril e ao trabalho manual separado do trabalho intelectual. As novas teorias exigiam a igualdade, não apenas formal, mas real. 
A partir de 1848, o proletariado procurou a expressão de sua própria ideologia, oposta ao pensamento liberal. Marx e Engels formularam suas idéias a partir da realidade social por eles observada: de um lado o avanço técnico, o aumento do poder do homem sobre a natureza, o enriquecimento e o progresso; de outro, e contraditoriamente, a escravização crescente da classe operária, cada vez mais empobrecida. A miséria, a jornada de trabalho excessiva e a exploração da mão-de-obra infantil configuram um estado de injustiça social, gerador de protestos e anseios de mudança.
Nos primeiros anos do século XX, a Rússia vivia um momento histórico de pobreza, miséria e exploração das classes trabalhadoras onde as desigualdades sociais levaram camponeses e operários a se mobilizassem politicamente. A burguesia tinha um papel político limitado e seus projetos não tinham apoio necessário para a formação de uma economia industrializada. O fim do Império Absolutista Russo – Czarismo – começou no momento em que essas classes perceberam que suas reivindicações políticas e, principalmente, econômicas e sociais não eram levadas em consideração pelo governo e a burguesia russa viu-se sem condições de concorrer com o capital industrial estrangeiro.
Diante desta situação, novos parti­dos políticos de oposição se mobilizaram e deram início à formação de idéias e projetos que serviram de base para a implantação do Socialismo na Rússia, tais como: o direito de voto e uma Assembléia Geral (a Duma). Denominados soviete, esses partidos eram conselhos de representantes operários, camponeses e soldados que surgiram como forma de organizar os movimentos populares.
A oposição ao czar Nicolau II dividiu-se em duas correntes:
   * Liberal Reformista: favorável a um regime parlamentar burguês, era contrário à industrialização da Rússia e defendiam um regime socialista agrário, caracterizado pela exploração coletiva das terras após o confisco das grandes propriedades.
  * Revolucionária: constituída por socialistas-revolucionários e os social-democratas eram adeptos das teorias socialistas de Marx e Engels e se organizam no meio do proletariado urbano. Subdividiram-se em: 
             - Mencheviques: termo que significa minoria, defendiam um grande partido de massas, com base social ampla e alianças com os progressistas e democratas, inclusive com a burguesia liberal. 
         - Bolcheviques: palavra que significa maioria, liderados por Lênin, essa corrente defendia a revolução e implantação de um governo socialista de ditadura do proletariado por intermédio da ação de um partido centralizado e fortemente disciplinado.

                Em fevereiro de 1917, os rumos tomados pelo novo contexto político russo tomariam outros destinos. A Revolução de Fevereiro de 1917 aconteceu sob a liderança dos Mencheviques e pode ser considerada uma primeira etapa, muito importante, que envolvia o contexto específico da Rússia e da economia mundial da época. O governo provisório dos mencheviques não abriu espaço para que os sovietes tivessem participação plena nas decisões políticas a serem tomadas. Além do insucesso nos projetos de recuperação da economia interna, o governo provisório de fevereiro optou pela manutenção das tropas russas na Primeira Guerra Mundial.
     O projeto de ruptura proposto pelos partidários bolcheviques só tomou força no momento em que Lênin retornou de seu exílio. A maioria dos sovietes se mostrava completamente aliada a essa idéia de uma nova tomada do poder. No dia 25 de outubro de 1917, o soviete de Petrogrado promoveu, com sucesso, uma insurreição organizada e Lênin passou a comandar o governo dos comissários do povo. A partir de então, o Partido Bolchevique passaria a controlar o destino desse processo de transformação. De imediato, o governo bolchevique lançou decretos que tratavam das questões referentes à paz (Tratado de Brest-Litovski – a Rússia saia da Primeira Guerra Mundial), a distribuição de terras, os limites dos órgãos de comunicação e os direitos da população civil e militar.

 

 
  

domingo, 24 de julho de 2011

A escravidão na Grécia Antiga

         Na sociedade greco-romana, os cidadãos possuíam uma visão diferente da que temos hoje sobre trabalho. Os gregos faziam uma distinção clara entre o trabalho braçal de quem labuta na terra, o trabalho manual do artesão e aquela atividade do cidadão que discute e procura, através do debate, resolver os problemas da sociedade. Em Atenas, na época clássica, quando os poetas cômicos qualificavam um homem por seu ofício, não era precisamente para honrá-los; só é homem por inteiro quem vive no ócio. 
                                                        Mercado de escravos
                                                                           
         
          Para compreender melhor a posição dos gregos é necessário que se entenda a questão da escravidão no interior dessas sociedades. Em primeiro lugar, deve-se esclarecer que a sociedade grega não era constituída somente de escravos e senhores. Apenas a quarta parte da mão-de-obra era escrava, pois havia uma série de outros trabalhadores – como os meeiros, os diaristas assalariados, os artesãos e um imenso campesinato – que conviviam lado a lado com os escravos. Entretanto, a escravidão pode caracterizar essa sociedade porque todos os trabalhadores viviam, de uma forma ou de outra, oprimidos pelos senhores e proprietários. 
           A condição de escravo variava muito, pois não só havia o escravo que trabalhava a terra nas mais terríveis condições, mas também aquele incumbido de administrar e gerenciar todos os negócios de seu senhor. Podia-se, além disso, encontrar escravos aptos a sucederem um médico, ou engenheiro. Na visão grega, a liberdade do cidadão só seria possível se existissem outros que trabalhassem para ele e por ele. Nessa sociedade o escravo é propriedade de seu senhor e, portanto, pode ser vendido, doado, trocado, alugado; não só ele, mas todos os seus filhos e todos os  bens que possa ter. 
          Em Atenas, existiu a escravidão por dívida, esta, porém, perdurou até as reformas do legislador Sólon, que proibiu a escravidão de atenienses por atenienses e perdoou as os devedores, libertando-os. A alforria de um escravo poderia ser conseguida por meio de um ato generoso de seu amo, mas também pela compra e pelo pecúlio, uma espécie de poupança que o escravo ia guardando, com consentimento do senhor, e que conseguia ao fazer pequenos negócios ou vendendo seus serviços, sempre com a autorização do senhor.