Como o próprio nome indica, Téo refere-se ao que provém ou está relacionado a Deus. Estados Teocráticos são aqueles em que a estrutura de poder, as ações política, jurídica e policial são submetidas às normas de uma religião oficial. Esse poder pode ser exercido direta ou indiretamente pelos clérigos: os governantes, juízes e demais autoridades podem ser os próprios líderes religiosos ou podem ser cidadãos leigos submetidos ao controle desses clérigos. Os poderes político e religioso andam lado a lado e quem detêm o controle do Estado regula também os preceitos morais, espirituais, educacionais e culturais. Nada é feito de forma autônoma. Toda e qualquer atitude tomada pelo Estado ou pela sociedade está vinculada a uma única lógica religiosa, que serve como fundamento universal. Nas teocracias o exercício da autoridade política é, ao mesmo tempo, um ritual religioso, que, em tese, afasta qualquer contestação social.
Nos governos não-democráticos, a pessoa investida de poder dele se apossa por toda sua vida como se fosse seu proprietário. Nos Estados teocráticos, o poder considerado legítimo vem da vontade dos Deuses. O poder personalizado não é legitimado pelo consentimento da maioria, trata-se da usurpação do poder, que perde seu lugar público quando é incorporado na figura de um imperador, rei, faraó. Como não se funda na expressão da maioria, ele precisa estar sempre vigiando e controlando o surgimento de divergências que poderão abalá-lo. Busca então a uniformização das crenças, dos costumes, das opiniões, evitando o pensamento divergente e destruindo a oposição.
No Antigo Egito (3200 a. C. – 525 a. C.) a organização político-social estruturou-se em torno da terra e dos canais de irrigação. Diante do aumento populacional na época neolítica, foi necessário a construção de obras hidráulicas como diques e canais às margens do Rio Nilo, para o cultivo agrícola. Para controlar esses trabalhos e a divisão da produção, o controle de toda estrutura econômica, social e administrativa ficava com o Estado despótico, que, por meio de suas instituições burocráticas, militares, culturais e religiosas, subordinava toda população e garantia a realização dessas obras de irrigação.
O Faraó concentrava todos os poderes em suas mãos e era considerado um deus vivo. Boa parte das terras passou a ser controlada por ele, a quem a população deveria pagar tributos e servir, por meio de trabalho compulsório. A organização da sociedade egípcia era bastante rígida. Abaixo do Faraó estavam os Sacerdotes (respeitados pelo conhecimento e por serem vistos como mediadores da relação dos homens com os deuses), os Grandes Burocratas (funcionários públicos, cujas funções muitas vezes se confundiam) e Chefes Militares. Em seguida vinha a Baixa Burocracia, formada pelos escribas, conhecedores da complexa escrita hieroglífica e responsáveis pelos registros administrativos.
Finalmente, havia a base da sociedade egípcia, que era formada pela grande massa de Camponeses, a imensa maioria da população, submetidos aos trabalhos compulsórios e pela obediência a Estado. Eventualmente poderiam ser encontrados Escravos, camada social mais explorada, eram, geralmente, estrangeiros prisioneiros de guerras.
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